Todo câncer precisa de tratamento cirúrgico?
Por autor simples | Publicado: 02/04/2023
Todo câncer precisa de tratamento cirúrgico?
A partir do momento em que uma pessoa recebe o diagnóstico de câncer, surge uma dúvida muito comum: é necessário fazer uma cirurgia como parte do tratamento?
No blog de hoje, eu vou te dar a resposta! Além disso, vamos ver juntos alguns dos principais tipos de tratamentos para a doença e conferir alguns dados sobre o câncer no Brasil e no mundo. Boa leitura!
O câncer no Brasil e no mundo
No relatório do INCA (Instituto Nacional de Câncer) para o triênio 2020-2022, a estimativa para novos casos da doença no Brasil era de 625 mil novos casos a cada ano. Sim, o número é assustador…
De todos os tipos, o câncer de pele não melanoma é o que tem mais incidência no Brasil, com cerca de 220 mil novos casos registrados. Em segundo lugar, aparece o câncer de mama feminino (73.610 casos) e o de próstata (71.730 casos).
Infelizmente, para o próximo triênio (2023-2025), a expectativa segue ruim. Ainda de acordo com o INCA, são estimados cerca de 704 mil novos casos de câncer no país. A região sudeste é apontada como o local com as maiores incidências.
A nível mundial, a situação também é alarmante. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já informou que, em 2020, foram diagnosticados 19,3 milhões de casos de câncer no mundo, com cerca de 10 milhões de óbitos.
Agora que você já está por dentro desses números, conheça as modalidades terapêuticas mais utilizadas para combater a doença.
Principais tratamentos contra o câncer
Radioterapia
Este método de tratamento utiliza emissões de radiação para destruir as células cancerígenas. A depender do tipo de câncer e de seu estágio, a radioterapia pode ser administrada externa ou internamente.
Na radioterapia externa, o tipo mais comum, como você leu acima, a radiação é emitida de uma fonte externa para o corpo do paciente. Mas, também existe uma possibilidade conhecida como “radioterapia interna”.
Chamada também de “braquiterapia”, ela é um tratamento local para apenas uma parte específica do organismo. Para isso, pequenas cápsulas com radiação são inseridas no corpo, funcionando como uma fonte interna de emissão.
Na braquiterapia, essas cápsulas são colocadas perto ou dentro do próprio tumor, de forma temporária ou permanente. Só lembrando que a radioterapia pode ser usada como único tratamento, ou ainda, combinada com a quimioterapia.
Quimioterapia
Esse tratamento utiliza medicamentos para matar as células cancerosas. Pode ser administrada por via intravenosa, oral ou injetável. Como dito, ela pode ser combinada com a radioterapia, por exemplo.
A medicação administrada chega na corrente sanguínea, sendo levada a toda parte do corpo. Ela destrói células doentes que estão formando o tumor e impede, também, que elas se espalhem.
Veja quais são as vias possíveis de aplicação da quimioterapia:
Via oral (pela boca): São remédios em forma de comprimidos, cápsulas e líquidos, que você pode tomar em casa.
Intravenosa (pela veia): A medicação é aplicada na veia ou por meio de cateter (um tubo fino colocado na veia), na forma de injeções ou dentro do soro.
Intramuscular (pelo músculo): A medicação é aplicada por meio de injeções no músculo.
Subcutânea (abaixo da pele): A medicação é aplicada por meio de injeção no tecido gorduroso acima do músculo.
Intratecal (pela espinha dorsal): É pouco comum, sendo aplicada no líquor (líquido da espinha), administrada pelo médico, em uma sala própria ou no centro cirúrgico.
Tópica (sobre a pele): O medicamento, que pode ser líquido ou pomada, é aplicado na pele.
Terapia-alvo
É uma opção de tratamento para o câncer que está se tornando cada vez mais popular. Ela foca em moléculas que estão presentes na maior quantidade das células cancerígenas, conhecidas como “alvo molecular”.
Esse é um ponto importante de diferença com relação à quimioterapia, uma vez que a terapia-alvo não atinge também as outras células saudáveis. Porém, ela ainda não está disponível para todos os tipos de câncer.
Por fim, o que se pode afirmar é que a terapia-alvo envolve o desenvolvimento de medicamentos específicos que consigam interagir com a proteína, genes ou tecido maligno.
E esse processo não é nada simples de se criar e replicar, pois envolve a atuação de outros especialistas, testes e estudos.
Imunoterapia
A imunoterapia é um tipo de tratamento contra o câncer que visa combater o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente. A ideia é que, com o uso de medicamentos, o organismo elimine a doença “sozinho”.
E isso tudo, de forma mais eficiente e com menos toxicidade. Essa terapia pode ajudar a aumentar a resposta imunológica do corpo com relação às células cancerosas.
A cirurgia é indicada para todos os tipos de câncer?
Por fim, a resposta para a grande pergunta de hoje é NÃO. Apesar de ser frequentemente utilizada como parte do tratamento do câncer, nem todos os tipos da doença requerem cirurgia.
Quando ocorrem as metástases (formação de novos tumores em outras partes do corpo), geralmente é mais difícil remover o câncer com cirurgia. Nestes casos, a quimio e a radioterapia, geralmente, são tratamentos mais eficazes.
É importante lembrar que o câncer é uma doença complexa e variada, podendo se manifestar de diversas maneiras. Nos casos em que se apresenta localizado, sem ter se espalhado para outras partes do corpo, a cirurgia pode ser indicada.
Veja alguns casos em que isso acontece:
Para remover o câncer: usada para remover toda a doença do corpo. Isso é comumente usado para cânceres em estágios iniciais ou para tumores localizados.
Para reduzir o tamanho do câncer: pode facilitar o tratamento com outros métodos, como a radioterapia ou a quimioterapia.
Aliviar sintomas: com a cirurgia, alguns sintomas do câncer podem sem aliviados, como dor ou problemas respiratórios também causados pela doença.
Quais tipos de câncer localizados geralmente requerem cirurgia?
Antes de dar essa resposta, é fundamental saber que a cirurgia oncológica é um tratamento indicado para casos de tumores sólidos, como nas seguintes situações:
Câncer de mama
Câncer de pele
Câncer de pulmão
Câncer de próstata
Câncer de tireoide
Câncer de esôfago e estômago
Câncer de cólon e reto
Tumores ginecológicos
Em quais casos de câncer o tratamento cirúrgico não é indicado?
Isso geralmente acontece quando o câncer se espalhou para outras partes do corpo ou é muito grande para ser removido com cirurgia. Veja alguns exemplos:
Leucemia
Linfoma
Câncer de pâncreas avançado
Câncer de fígado avançado
Informação é uma aliada indispensável!
Devido à sua complexidade, como dito anteriormente, o câncer é uma doença que precisa ser bem conhecida, tanto por médicos e também por pacientes. As informações corretas são essenciais para o diagnóstico, prevenção e tratamento.
Agora, é sempre importante alertar que a fonte mais segura para tirar todas as dúvidas é com o médico. Sendo assim, procure seu oncologista ou cirurgião oncológico de confiança e informe-se!
Até a próxima!
Dr. Bruno Marcelino - Cirurgião Oncológico.